17/07/2021

QUERUB & DIAB - O ORFANATO - CAP.2

- Sim padre Osvaldo, pode deixá-los. Eu me encarregarei da papelada. 

- os encontrei zanzando pelas ruas, Felipe. A única coisa que sei deles é que o loirinho se chama Márcio e o ruivinho se chama Maurício.

- deixar que a educação deles aqui será exemplar e faremos de tudo para descobrir a procedência deles. Não é à toa que esse é o melhor orfanato de Pittsburgh.

-Obrigado Felipe. Conheço a fama do “Criador de Estrelinhas de Pittsburgh”. Sei que vai dar tudo certo.

O homem chamado Felipe levou os dois para dentro e disse:

-Aqui vocês tem tudo para serem grandes homens. Depende de vocês.

Mauricio olhou sorrindo para o homem e disse:

- É mesmo tio? Que legal.

O homem notou uma certa ironia na frase interrogativa e foi mais duro em sua resposta.

- O que você quis dizer com essa ironia? Dependendo do que falam aqui é castigo na certa.

Pra continuar a bagunça, mas pra cortar a conversa, Maurício respondeu:

- Ah sim meu amo, desculpe.

Felipe olhou com estranheza para ele e vendo que ia haver problemas, Márcio interviu:

- Senhor, desculpe meu irmão. Ele não conhece os linguajares de tratamento corretamente.

O homem notando a maneira como Márcio falara, se animou:

- Ah! Gostei do que você falou. Você parece ter mais cérebro do que seu irmão.

Neste momento Maurício revirou os olhos para cima sem Felipe notar.

Mais tarde já estavam no quarto podendo conversar normalmente.

- Mas quem esse cara pensa que é Querub?

- É o que teremos que aguentar, veja se se comporta, senão vai ser difícil ajudar alguém aqui Diab.

- Mais tarde a gente vai sentir quem é quem aqui.

Neste momento a porta é aberta de supetão por Felipe.

- Tomem, vistam suas roupas, vão para aula.

O homem colocou a roupa nos beliches. E disse:

- Em cinco minutos passo de volta para guiá-los até a sala de aula.

O homem saiu deixando a porta aberta. Os moleques se trocaram mesmo assim. Depois o homem voltou e os levou à sala de aula.

Felipe abriu a porta e fez um sinal para o professor que fez sinal de ok com o polegar da mão direita levantado para cima.

Felipe entrou com os dois meninos e os apresentou:

- Professor Jefferson e turma quero apresentar mais dois integrantes. Márcio o loiro e Maurício o ruivo. Tenho certeza que vão se dar muito bem.

Por pensamento Maurício disse a Márcio:

[Tenho certeza disso].

Márcio também respondeu em pensamento:

[Pare com isso ou não teremos vida quieta aqui].

Felipe sussurrou para o professor ao sair:

- Linha dura com o ruivo.

- O senhor manda.

De volta, o professor apontou duas carteiras juntas e os mandou sentar lá.

Cinco minutos depois...

- Lucas vamos “inaugurar” os novatos?

- Pare Rafa. Você sabe o que aconteceu da última vez que você fez isso.

- Daquela vez não intimidei o moleque e ele ainda tem pai rico. Me ferrei por causa disso, mas esses dois só tem cara de bonitinhos, nada mais que isso.

- Rafa você não sabe nada deles.

- Vi quando chegaram, quem os trouxe foi aquele padre que trás moleques de rua pra cá. Vamos nos divertir muito com eles.

- Então faça por sua conta. Não quero passar por mais aquele maldito castigo nem que a vaca tussa.

- Ah sim, esqueci que você virou mulherzinha.

E dizendo isso, jogou uma bola de papel que passou raspando a cabeça de Márcio que olhou para trás e entendeu a situação mas voltou calado a olhar para frente.

Um minuto depois, outra bola de papel e dessa vez atingiu Márcio em cheio. Vários aluno acharam graça e o professor parou de escrever no quadro.

- Posso saber qual é a graça?

Márcio levantou e disse:

- Professor, alguém me acertou uma bola de papel.

- Você nem chega na sala e arruma confusão?

- Eu não arrumei confusão professor e sim quem me jogou a bola de papel.

- Pois é, mas o fato de você estar aqui causou isto, então se isso se repetir, você vai para o castigo.

Maurício olhou para a cara do professor e disse: 

- Com atitudes como essa, você não vai se safar do inferno professor. Tem que saber quem atirou a bola que assim você se aproxima mais da salvação.

 A turma fez aquele “ohhhh” de surpresa e o professor Jeferson se virou para Maurício e disse:

- É mesmo? E se eu te disser que sou ateu?

- Então o senhor vai ter uma surpresa muito desagradável depois de morrer.

Os alunos caíram na gargalhada.

O professor enfurecido mandou Maurício sair da sala e disse que ele estava de castigo nível 1.

Temendo uma ação desproporcional de Maurício, Márcio disse:

- Se meu irmão vai ser punido, vou junto com ele.

E saiu da carteira para sair da sala. Maurício olhou pro professor e ameaçou: 

- O senhor também terá castigo nível 1 hoje a noite. E acredite que o seu protegido Rafael também vai receber o mesmo castigo para aprender a ser justo com seus alunos.

Dizendo isso, Maurício saiu acompanhado por Márcio e foram ter uma conversa com Felipe.

Ao chegarem à porta da sala, foram notados.

- Meninos, o que estão fazendo aqui? Porque saíram da sala de aula?

- Estamos de castigo nível 1 - explicou Márcio.

- O que vocês aprontaram?

- Absolutamente nada. Jogaram uma bola de papel na cabeça de Márcio e o professor aloprado disse que ele era culpado. Logo vi que aquele Rafael era protegido dele - disse Maurício agitando os braços.

- Senhor Maurício, mais respeito com seu professor.

Maurício cruzou os braços e ia falar algo, mas Márcio percebendo que iam ter problemas, interrompeu:

- Senhor ele nos deu castigo nível 1, o que significa isso?

- Vocês terão que passar três dias presos em um quarto a pão e àgua.

Márcio ouvindo isso, se indignou.

- Com todo o respeito como pode castigar seus alunos dessa forma?

- Sinto muito, Márcio mas essas regras são aprovadas por um conselho disciplinar e não posso fazer nada.

- O senhor faz parte desse conselho? Eu apenas presido as sessões e não tenho poder de voto. Mas isso não é assunto para vocês. A partir de amanhã terão que cumprir o castigo. Vão para o quarto e não saiam de lá.

Minutos depois...

- Eu não acredito que aquele professor teve aquela atitude, Diab.

- É porque você é um querubim e só vê o lado bom das pessoas.

- Eu não vejo só o lado bom, é que acredito que as pessoas podem ser melhores, mas muitas tem o mal dentro de si e o deixam florecer.

- Às vezes o mal é necessário para combater o próprio mal Querub. Hoje à noite ele vai ter uma noção do mal. Vamos ver no que vai dar.

Continua...

Por Alcí Santos 

VINGADOR NEGRO - A LÂMINA DA JUSTIÇA - PARTE 1

 

1

 

Recorte do Jornal Austin News:

 

MASCARADO IMPEDE ROUBO EM FAZENDA

 

Durante essa quinta-feira, um acontecimento incomum misturou-se ao comum nas redondezas da cidade Austin. Um fazendeiro de uma pequena porção de terra chamado Bill Child, 34 anos, estava lavando seus cavalos quando foi atacado por um grupo de bandidos.

“Quando eu vi, o cano da espingarda de um deles já estava na minha cara”, relatou Bill. “Contei cinco daqueles cães rindo como hienas, eles zombaram de mim porque eu havia mijado nas calças.”

Segundo contou Child, os bandidos queriam levar apenas os cavalos e teriam conseguido se não fosse um fato estranhamente bizarro.

“Assim que eles estavam passando pela porteira do rancho, um homem mascarado, todo vestido de preto, montado num corcel negro com olhos vermelhos, cruzou o caminho de saída.”, declarou Bill. “Ele disparava como o próprio diabo! Antes mesmo dos facínoras pegarem nas armas, o mascarado já havia derrubado todos.”

Os bandidos foram encontrados na porta da delegacia, na manhã seguinte.

“O mascarado apenas me disse para contar o que havia acontecido ao xerife para que os ladrões fossem presos”, explicou Bill. “Eu posso jurar que o lugar por onde ele cavalgava cheirava a enxofre e sua voz era firme como o chão do meu rancho.”

 

 

Recorte do Jornal Austin Weekly:

 

DILIGÊNCIA ATACADA É SALVA POR MASCARADO DESCONHECIDO

 

Como relatado na semana passada, o fora da lei Sebastiano Alves fora capturado e estava sendo conduzido para Austin onde seria julgado pelas autoridades competentes.

Infelizmente, a diligência foi atacada há poucos quilômetros da cidade por um grupo de seis homens. Dois foram mortos no confronto com os guardas que guiavam a diligência - que ficaram feridos no conflito. Alvin Conrrey levou dois tiros no ombro e Owen Mc’Garren, apenas um no tornozelo.

Entretanto, como menciona Alvin Conrrey em seu relato, um ato inesperado aconteceu. “Ele veio montado em um corcel negro em uma velocidade inumana. Trajava uma capa e chapéu preto com uma máscara encobrindo os olhos.”

Já Mc’Garren diz que era uma visão sombria e bizarra. “O mascarado conseguiu disparar mesmo estando montado em um cavalo a tamanha velocidade. Eu nunca vi nada parecido.”

Nenhum dos bandidos foi atingido mortalmente. E todos já estão condenados à forca, assim como Sebastiano Alves.

 

Recorte de um depoimento exclusivo de Sarah Draw dado ao jornal Austin Todo Dia:

 

Sarah: “Eu tenho certeza que eles iam abusar de mim. Isso pode soar irônico se tratando da minha profissão. Mas não era o combinado. Sete homens… Eu não ouso imaginar o que fariam. Eu gritei por ajuda o mais alto que pude. Quem prestaria atenção em gritos vindos do quarto de um prostituta dentro de um Saloon? (apenas suspiros por alguns minutos)  Todos aqueles olhos maliciosos observando meu corpo como urubus. Aqueles sorrisos com bafos de cerveja e dentes amarelados… Eu achei que ia morrer. Mas então alguém entrou pela porta. De início, pensei que seria mais deles. Porém, era um homem mascarado. E agora que penso nisso, me pergunto como ninguém viu esse cara entrando? Bem… Eu só sei que ele brigou com todos os sete ao mesmo tempo. Havia uma rapieira em sua mão. Eu jamais vi alguém utilizar uma arma de forma tão precisa. Era como uma dança estranha e visceral. A dança do Vingador Negro.”

 

Anotação do xerife sobre o depoimento : “Os agressores da senhora Sarah sofreram mutilações e escoriações leves, mas nenhum ferimento grave.”

 

2

A batida extremamente forte na porta surpreendeu o xerife Ray Winston. Ele era um homem de quarenta anos com um corpo grande e uma barriga saliente, mas não era gordo. Seu rosto oval exibia muitas marcas e linhas de expressões, além de uma cabeleira preta encaracolada.

Ele caminhou até a porta e abriu-a.

O sol das quatro da tarde de Austin resplandeceu sobre três sujeitos de pé em frente à porta do escritório do xerife.

– Irmãos Barreto? – indagou Ray franzindo o cenho.

O sujeito mais baixo falou primeiro.

– Recebemos sua solicitação. Viemos tratar dos detalhes.

– Ah, é claro – havia certo tom de desdém na voz do xerife – Entrem.

Os três ocuparam a sala do escritório rapidamente. Era um lugar simples com uma janela, dois armários – um para papelada e outro para documentos - e uma mesa bem grande com quatro cadeiras.

– Por que não pregou um cartaz de recompensa lá fora? – perguntou o mais magro dos sujeitos.

Ray Winston abriu um dos armários, pegou uma bebida e três copos. Serviu um copo para cada um dos homens e um para si também.

– Irmãos Barreto, sentem-se – ele apontou as cadeiras; eles se sentaram – Não quero que o mascarado saiba que está sendo caçado. Além disso, poderia soar ruim para os cidadãos de Austin já que eles acham que esse sujeito é algum tipo de justiceiro ou vingador.

– Então o senhor quer prender o herói do seu povo? - questionou o mais novo dos irmãos; seu nome era Carlos Barreto.

Ray tragou o seu drink em um gole, apreciou o líquido descendo pela garganta e depois disse:

– As pessoas não sabem escolher heróis. Elas precisam ser guiadas. Basta que deixemos que elas escolham seus heróis e novos mascarados arruaceiros vão aparecer. E isso acabará em uma desgraça banhada de sangue. Acredite, já vi acontecer.

Carlos Barreto bebeu um gole, mas não retirou os olhos de Ray Winston.

– As pessoas precisam ser controladas. Seus gostos precisam ser podados. Dê-lhes liberdade suficiente e terá uma guerra de interesses. Elas não sabem compartilhar ou dividir. Por isso, temos as leis. E as leis devem ser respeitadas e seguidas, a fim de evitar desgraças maiores. Quem sabe esse mascarado queira realmente fazer alguma coisa de bom, mas um fora da lei é um fora da lei. E eles são todos baderneiros para mim.

– Então que tal falarmos sobre valores? - indagou Carlos.

Ray suspirou. Ele odiava ter que recorrer aos caçadores de recompensas para a captura do mascarado.

– Eu lhes darei trezentos dólares pela captura do fora da lei...

– Fechado – disse Carlos Barreto imediatamente.

Winston deu uma risada.

– Vocês são mesmos abutres atrás de uma carcaça. Eu ainda nem terminei de dizer minhas condições, ou acham que basta me trazer o corpo do mascarado e está tudo certo?

Carlos deu de ombros.

– Você quer ele vivo? – questionou o mais magro dos irmãos; ele era conhecido como Sérgio Barreto.

Ray ergueu os braços.

– Eu não chamaria vocês, os famosos irmãos Barreto, se não fosse uma caçada difícil.

– Por mil demônios, Winston! – resmungou o mais baixo, Fernando Barreto – Você não leu o que saiu nos jornais? Aquele cara impediu o bando de Sebastiano Alves! Montado num corcel com apenas um rifle!

– Cale essa boca, Fernando – disse Carlos. Ele tragou o último gole de sua bebida – Está bem. Mas você vai ter que nos dar carta branca para atuar na cidade.

O xerife fitou Carlos. Tentou desvendar o que aqueles olhos caramelos de caçador de recompensas dizia.

– Está bem – Ray confirmou – Desde que vocês entendam os limites básicos. Ou seja, cuidado com quem vão mexer. Há pessoas nessa cidade que podem fazer com que vocês desapareçam, e eu não vou poder intervir.

Os três irmãos se levantaram.

– Ah, mais uma coisa – disse Winston – Não quero meu nome vinculado a caçada de vocês. Digam que isso é coisa pessoal.

– Não se preocupe, Winston – falou Carlos – A sua moral vai continuar imaculada diante da cidade de Austin.

Carlos piscou, abriu a porta e saiu do escritório acompanhado por seus irmãos.

 

3

Naquela noite, em uma fazenda nos arredores da cidade de Austin, um empregado acompanhava o ajudante do xerife, Brian Banner, até a sala onde o anfitrião aguardava-o.

Um enorme lustre no teto chamou a atenção de Brian primeiro, e depois os lindos quadros pendurados na parede. Ele continuava admirado com a beleza do Canyon mesmo após ter visto aquelas pinturas inúmeras vezes.

– Vai querer uma bebida desta vez, Branner?

A pergunta foi feita por um sujeito alto, esguio, com braços longos e mãos pequenas. Ele trajava um casaco preto com um colete marrom por baixo.

– D. Rodrigo, se fosse em outras circunstâncias, eu adoraria - disse Brian retirando o chapéu e apresentando sua cabeleira negra e bagunçada - Mas o senhor sabe, é melhor que ninguém saiba que estive aqui.

 – O xerife Winston ainda mantém essa ideia de parecer o bom moço para a cidade de Austin – resmungou Rodrigo cumprimentando Branner – Mas acredito que essa história é uma chatice. Os homens de poder não precisam parecer nada, eles são ou não são. Entende o que digo, Brian?

–  Acho que sim, D. Rodrigo. No entanto, evitar suspeitas também é inteligente, não concorda?

D. Rodrigo exibiu um sorriso. Seu rosto estava limpo e cheirava a loção pós-barba.

– Estou entendendo porque o xerife escolheu-o como ajudante, Branner.

Rodrigo apontou para uma maleta de aparência simplória na mesa.

Brian fez um gesto com a cabeça e pegou a maleta.

– Adoraria que viesse tomar um drink comigo a qualquer hora, Branner. Seria ótimo conhecer as suas ideias e ambições.

Brian colocou o chapéu e sorriu.

– Tenho certeza que o senhor ficaria entediado. Sou um homem simples, sem ambições.

D. Rodrigo soltou um riso de desdém.

– Todos os homens têm ambições, Brian.

– Se o senhor diz.

Branner se despediu e foi embora. D. Rodrigo caminhou até o canto da sala, pegou um cigarro numa mesinha e acendeu-o. Andou até a janela do outro lado e observou enquanto Brian Branner montava no cavalo e ia embora.

 

4

A estrada escura não intimidava Branner. Ele conhecia aquele caminho desde criança. A lua no alto não oferecia muita luminosidade no caminho até a cidade. Aquela parte de Austin era loteada por fazendas e florestas pertencentes aos maiores figurões da cidade

Porém, Brian não voltou para Austin. Ele contornou pelas redondezas até chegar a uma área em que o rio Colorado serpenteava a floresta. Branner desceu do cavalo e encontrou uma bolsa com algumas peças de roupa e um odre de água. 

– Queria ver a cara do xerife e D. Rodrigo quando descobrirem que Brian Branner, o simples ajudante, levou embora todo o seu dinheiro sujo – pensou Brian.

Um sorriso sarcástico se moveu por seus lábios. 

Ele montou o cavalo e partiu seguindo o rio rumo a próxima cidade.

– Até descobrirem o que aconteceu, eu estarei longe demais para ser alcançado.

Seu cavalo relinchou parecendo corroborar com a alegria de Branner.


CONTINUA...

POR NAÔR WILLIANS

NOVO!

O VINGADOR NEGRO - O MAU RANCHEIRO - 10 de 10 - Final

Na vastidão do rancho de Dom Gabriel, um homem de quase trinta anos com a energia e visão de quem entende a complexidade da vida, a notícia ...