- Sim padre Osvaldo, pode deixá-los. Eu me encarregarei da papelada.
- os encontrei zanzando pelas ruas, Felipe. A única coisa que sei deles é que o loirinho se chama Márcio e o ruivinho se chama Maurício.
- deixar que a educação deles aqui será exemplar e faremos de tudo para descobrir a procedência deles. Não é à toa que esse é o melhor orfanato de Pittsburgh.
-Obrigado Felipe. Conheço a fama do “Criador de Estrelinhas de Pittsburgh”. Sei que vai dar tudo certo.
O homem chamado Felipe levou os dois para dentro e disse:
-Aqui vocês tem tudo para serem grandes homens. Depende de vocês.
Mauricio olhou sorrindo para o homem e disse:
- É mesmo tio? Que legal.
O homem notou uma certa ironia na frase interrogativa e foi mais duro em sua resposta.
- O que você quis dizer com essa ironia? Dependendo do que falam aqui é castigo na certa.
Pra continuar a bagunça, mas pra cortar a conversa, Maurício respondeu:
- Ah sim meu amo, desculpe.
Felipe olhou com estranheza para ele e vendo que ia haver problemas, Márcio interviu:
- Senhor, desculpe meu irmão. Ele não conhece os linguajares de tratamento corretamente.
O homem notando a maneira como Márcio falara, se animou:
- Ah! Gostei do que você falou. Você parece ter mais cérebro do que seu irmão.
Neste momento Maurício revirou os olhos para cima sem Felipe notar.
Mais tarde já estavam no quarto podendo conversar normalmente.
- Mas quem esse cara pensa que é Querub?
- É o que teremos que aguentar, veja se se comporta, senão vai ser difícil ajudar alguém aqui Diab.
- Mais tarde a gente vai sentir quem é quem aqui.
Neste momento a porta é aberta de supetão por Felipe.
- Tomem, vistam suas roupas, vão para aula.
O homem colocou a roupa nos beliches. E disse:
- Em cinco minutos passo de volta para guiá-los até a sala de aula.
O homem saiu deixando a porta aberta. Os moleques se trocaram mesmo assim. Depois o homem voltou e os levou à sala de aula.
Felipe abriu a porta e fez um sinal para o professor que fez sinal de ok com o polegar da mão direita levantado para cima.
Felipe entrou com os dois meninos e os apresentou:
- Professor Jefferson e turma quero apresentar mais dois integrantes. Márcio o loiro e Maurício o ruivo. Tenho certeza que vão se dar muito bem.
Por pensamento Maurício disse a Márcio:
[Tenho certeza disso].
Márcio também respondeu em pensamento:
[Pare com isso ou não teremos vida quieta aqui].
Felipe sussurrou para o professor ao sair:
- Linha dura com o ruivo.
- O senhor manda.
De volta, o professor apontou duas carteiras juntas e os mandou sentar lá.
Cinco minutos depois...
- Lucas vamos “inaugurar” os novatos?
- Pare Rafa. Você sabe o que aconteceu da última vez que você fez isso.
- Daquela vez não intimidei o moleque e ele ainda tem pai rico. Me ferrei por causa disso, mas esses dois só tem cara de bonitinhos, nada mais que isso.
- Rafa você não sabe nada deles.
- Vi quando chegaram, quem os trouxe foi aquele padre que trás moleques de rua pra cá. Vamos nos divertir muito com eles.
- Então faça por sua conta. Não quero passar por mais aquele maldito castigo nem que a vaca tussa.
- Ah sim, esqueci que você virou mulherzinha.
E dizendo isso, jogou uma bola de papel que passou raspando a cabeça de Márcio que olhou para trás e entendeu a situação mas voltou calado a olhar para frente.
Um minuto depois, outra bola de papel e dessa vez atingiu Márcio em cheio. Vários aluno acharam graça e o professor parou de escrever no quadro.
- Posso saber qual é a graça?
Márcio levantou e disse:
- Professor, alguém me acertou uma bola de papel.
- Você nem chega na sala e arruma confusão?
- Eu não arrumei confusão professor e sim quem me jogou a bola de papel.
- Pois é, mas o fato de você estar aqui causou isto, então se isso se repetir, você vai para o castigo.
Maurício olhou para a cara do professor e disse:
- Com atitudes como essa, você não vai se safar do inferno professor. Tem que saber quem atirou a bola que assim você se aproxima mais da salvação.
A turma fez aquele “ohhhh” de surpresa e o professor Jeferson se virou para Maurício e disse:
- É mesmo? E se eu te disser que sou ateu?
- Então o senhor vai ter uma surpresa muito desagradável depois de morrer.
Os alunos caíram na gargalhada.
O professor enfurecido mandou Maurício sair da sala e disse que ele estava de castigo nível 1.
Temendo uma ação desproporcional de Maurício, Márcio disse:
- Se meu irmão vai ser punido, vou junto com ele.
E saiu da carteira para sair da sala. Maurício olhou pro professor e ameaçou:
- O senhor também terá castigo nível 1 hoje a noite. E acredite que o seu protegido Rafael também vai receber o mesmo castigo para aprender a ser justo com seus alunos.
Dizendo isso, Maurício saiu acompanhado por Márcio e foram ter uma conversa com Felipe.
Ao chegarem à porta da sala, foram notados.
- Meninos, o que estão fazendo aqui? Porque saíram da sala de aula?
- Estamos de castigo nível 1 - explicou Márcio.
- O que vocês aprontaram?
- Absolutamente nada. Jogaram uma bola de papel na cabeça de Márcio e o professor aloprado disse que ele era culpado. Logo vi que aquele Rafael era protegido dele - disse Maurício agitando os braços.
- Senhor Maurício, mais respeito com seu professor.
Maurício cruzou os braços e ia falar algo, mas Márcio percebendo que iam ter problemas, interrompeu:
- Senhor ele nos deu castigo nível 1, o que significa isso?
- Vocês terão que passar três dias presos em um quarto a pão e àgua.
Márcio ouvindo isso, se indignou.
- Com todo o respeito como pode castigar seus alunos dessa forma?
- Sinto muito, Márcio mas essas regras são aprovadas por um conselho disciplinar e não posso fazer nada.
- O senhor faz parte desse conselho? Eu apenas presido as sessões e não tenho poder de voto. Mas isso não é assunto para vocês. A partir de amanhã terão que cumprir o castigo. Vão para o quarto e não saiam de lá.
Minutos depois...
- Eu não acredito que aquele professor teve aquela atitude, Diab.
- É porque você é um querubim e só vê o lado bom das pessoas.
- Eu não vejo só o lado bom, é que acredito que as pessoas podem ser melhores, mas muitas tem o mal dentro de si e o deixam florecer.
- Às vezes o mal é necessário para combater o próprio mal Querub. Hoje à noite ele vai ter uma noção do mal. Vamos ver no que vai dar.
Continua...
Por Alcí Santos