13/12/2021

VINGADOR NEGRO - UMA PETIÇÃO DE NATAL - PRÓLOGO

Naquela tarde, a praça principal da cidade de Austin estava cheia. O local era uma estrutura redonda com uma pequena fonte de água no centro, loteado por várias barracas de vendedores, além de uma estátua da virgem Maria segurando um bebê Jesus no colo.

Porém, naquele dia, mais pessoas do que o comum transitavam na praça e um enorme palanque de madeira havia sido montado no lado norte ao lado da estátua da virgem. O burburinho de inúmeras conversas só não era maior do que a curiosidade dos cidadãos. Todos queriam saber do que se tratava o anúncio do prefeito. E não demorou muito para que ele surgisse no palco em seu paletó preto, colete vermelho e um chapéu vinho, acenando com os braços largos e sorrindo com a boca pequena.

Tão logo o prefeito subiu ao palanque, as conversas paralelas cessaram e deram lugar ao silêncio.

– Boa tarde, bons cidadãos de Austin – o prefeito disse – Agradeço por terem vindo mesmo com essa convocação apressada. Digo-lhes com toda a sinceridade que era necessário. Pois, eu não queria dar essa notícia de outra maneira sem ser olhando diretamente em seus olhos.

O silêncio permaneceu. Nem mesmo o vento sussurrava.

O prefeito retirou o chapéu e agarrou-o entre as mãos. Então disse:

– Infelizmente, neste último mês, vamos adicionar um novo imposto de final de ano que será cobrado sobre as terras, colheitas e animais.

A murmuração recomeçou como se alguém estivesse conduzindo uma orquestra de vozes divergentes.

O prefeito não disse nada, esperou e ouviu com toda a calma, embora fosse impossível recortar um argumento audível de uma multidão eufórica. Mesmo assim, ele aguardou.

Quando enfim, os burburinhos passaram de cornetas para meras notas baixas de um violão solitário, o prefeito ergueu a mão e falou:

– Não tivemos escolha. Se queremos manter e melhorar a qualidade de nossa cidade, então devemos pagar esse preço. E, infelizmente, como todas as coisas só funcionam com regras, eu lhes digo: o homem que não pagar seu imposto terá seus bens confiscados para liquidar sua dívida.

Mais vozes vieram, desta vez, com palavras mais raivosas e imorais.

O prefeito colocou seu chapéu de volta na cabeça e saiu do palanque assim como tinha entrado, acenando e sorrindo. Entretanto, ao sair, tinha deixado uma multidão revoltada diferente da entrada.


CONTINUA...

POR NAÔR WILLIANS 

NOVO!

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