03/08/2021

VINGADOR NEGRO - A LÂMINA DA JUSTIÇA - PARTE 3

9

D. Rodrigo já estava se retirando para dormir quando seu empregado informou-lhe que o xerife Ray Winston estava no portão. Rodrigo mandou que o xerife entrasse.

O rosto de Ray estava vermelho e a roupa toda amarrotada.

– O que houve, Ray? – indagou Rodrigo ao vê-lo.

– Você tem certeza de que Brian saiu daqui ontem?

– Mas é claro que sim.

– Malditos demônios!

– Fique calmo. Sente-se e me conte o que aconteceu.

Rodrigo providenciou um copo com água enquanto Winston contava que Brian havia simplesmente desaparecido.

– Será que aquela raposa fugiu com o dinheiro? – questionou Rodrigo ao fim do relato do xerife.

– Brian? Eu duvido. Ele era burro demais para isso. Do modo como bebia, ele teria soltado a língua rapidamente se estivesse planejando alguma coisa.

– Então, onde diabos foi parar seu ajudante?

– Eu não tenho ideia. Não me importo com Brian, mas com o dinheiro. Qualquer um que encontre aquele dinheiro vai saber imediatamente que se trata do pagamento dos soldados do forte Austin – disse Ray – Isso não só acabaria com nossos roubos como também com nossas cabeças.

D. Rodrigo suspirou, pensativo. Levantou-se, pegou um charuto e acendeu-o. Deu algumas tragadas e então disse:

– Está bem. Vou mandar meus homens atrás de Brian, mas se o encontrarem vivo, eu mesmo vou meter um balaço na cabeça dele.

Ray deu de ombros e levantou-se.

– Apenas encontre o dinheiro e estaremos bem.

O xerife caminhou em direção à saída.

– Ray – D. Rodrigo chamou; Winston se virou para ele – Caso nós sejamos descobertos por causa desse erro, sua cabeça vai rolar antes mesmo das autoridades te prenderem. Entendeu?

Ray engoliu seco e foi embora.

D. Rodrigo se recostou sobre o sofá e terminou de fumar seu charuto.

Nenhum dos dois desconfiou que a conversa tinha sido ouvida.

 

10

Era meia noite quando Sarah Draw recebeu seu novo cliente. Ela usava uma lingerie rosa aquela noite. O cabelo da cor do sol estava solto e os olhos negros brilhavam.

Carlos Barreto entrou no quarto e retirou a camisa enquanto Sarah ajudava-o fazendo uma dança sensual.

– Quero fazer uma brincadeira diferente – ele disse mostrando um par de algemas.

Sarah parou a dança e franziu o cenho.

– Me desculpe, eu…

Mas era tarde demais. Carlos empurrou a mulher contra a cama, usou seu corpo para contê-la e depois algemou os pulsos dela à grade da cama.

Sarah gritou, mas ele enfiou um pedaço de pano em sua boca.

Naquele momento, Fernando e Sérgio entraram no quarto. O barulho do saloon preencheu o lugar por alguns instantes antes que a porta fosse fechada.

Sarah sentiu seu corpo inteiro estremecer. Era como se estivesse tendo um deja vú.

– Nós só queremos fazer umas perguntas e ouvir respostas sinceras – disse Carlos sentando na beirada da cama – Sobre o tal Vingador Negro, não é assim que você apelidou-o?

Os olhos de Sarah começaram a lacrimejar.

– Você parece uma pessoa muito próxima dele, afinal, que diabos de possibilidade haveria de ser encontrada entre todas as prostitutas da cidade justamente no momento certo?

Carlos pegou uma faca pequena.

– Tal coisa só seria possível se você estivesse sendo vigiada pelo mascarado. O que me leva a pensar que você sabe quem ele é.

A lâmina tocou o pé de Sarah e ela se encolheu na cama. Sua bochecha já estava molhada e avermelhada.

– Mas a pergunta que tenho, minha querida – Carlos agarrou o queixo dela – É se você vai me revelar quem é o seu amante mascarado ou se vou ter que desfigurar seu rosto inteiro e depois deixar meus irmãos se divertirem.

Sarah tentou recuar mais. A carne de seus braços tremia.

– E então, como vai ser?

 

11

Brian Branner estava se preparando para dormir. Alugara um quarto pequeno, mas era melhor do que a estrada. Ele precisava estar descansado para conseguir a vantagem do tempo e da velocidade.

Ele usara um caminho longo para chegar a um pequeno povoado nas bordas do deserto a alguns quilômetros das fazendas de Austin. Entretanto, se tudo corresse conforme seu plano, esse caminho mais longo atrapalharia e confundiria qualquer busca que fizessem por ele. E, mesmo assim, ele apenas passaria a noite ali e partiria antes do amanhecer. Brian sabia que Winston não desistiria tão facilmente, porém, enquanto se mantivesse à frente, estaria seguro.

Ele colocou seu revólver debaixo do travesseiro, checou a maleta com o dinheiro dentro do armário, deitou-se e apagou a vela preenchendo o quarto de escuridão. Caiu no sono tão rápido quanto fechou os olhos.

O que trouxe Brian de volta foi um pequeno ruído próximo da cama; o som de passos na madeira.

A mão de Brian correu para o revólver antes mesmo que seus olhos estivessem abertos. Entretanto, o caubói não enxergou um palmo à sua frente. Usou uma das mãos para esfregar os olhos e manteve o revólver erguido. Aguçou sua audição à procura de qualquer barulho.

Rapidamente, ele tateou a cômoda ao lado da cama e encontrou a caixa de fósforos. Hesitou por um instante fitando intensamente cada centímetro do quarto, embora não enxergasse nada. Depois, abaixou o revólver e acendeu a vela.

Quando a luz desabrochou dentro do quarto, Brian foi capaz de enxergar uma sombra saltando de sua janela.

Seus instintos responderam com um balaço que voou janela afora.

Branner se levantou aos tropeços e alcançou a janela a tempo de ver um sujeito de capa e chapéu cavalgando para fora do vilarejo em um corcel.

A primeira reação de Brian foi o medo. Mas assim que percebeu a silhueta de uma maleta nas mãos do encapuzado, ele estremeceu.

Brian correu para o armário, abriu-o e encontrou apenas um bilhete.

"Você não tem muitas escolhas. 

Continuar fugindo sem dinheiro? Acabaria morto de sede ou fome no deserto. 

Tentar recuperar seu dinheiro? Seria necessário voltar para Austin. Ou seja, morto por Rodrigo ou Winston.

Mas há uma terceira via digna e segura. Você pode ir até o forte Austin, se entregar e denunciar os roubos de D. Rodrigo e Winston. Esse seria o primeiro passo para uma vida que vale a pena viver."

Brian amassou o papel e amaldiçoou sua sorte.


CONTINUA...

POR NAÔR WILLIANS

NOVO!

O VINGADOR NEGRO - O MAU RANCHEIRO - 10 de 10 - Final

Na vastidão do rancho de Dom Gabriel, um homem de quase trinta anos com a energia e visão de quem entende a complexidade da vida, a notícia ...