12
Ray Winston estava caminhando na direção de seu escritório quando foi abordado por um menino que entregou-lhe um bilhete.
– Bom dia, pequenino. O que é isso? Algum desenho bonito?
Entretanto, quando vislumbrou o conteúdo do bilhete, Ray rangeu os dentes.
– Quem foi que lhe entregou isso? – ele segurou o ombro do garoto.
– Um sujeito engraçado.
– Quem é? – Winston apertou o ombro magro do menino sem perceber.
– O homem engraçado usando máscara.
Ray praguejou e deixou o garoto partir. Olhou outra vez o bilhete.
"Você não tem muitas escolhas.
Pode tentar fugir, mas, sendo um ladrão de salário de soldados, ouso dizer que eles procurarão até no inferno para encontrá-lo.
Pode tentar me encontrar, mas é melhor agir rápido! Assim que a maleta de dinheiro estiver no forte Austin, não sei quanto tempo restará até o exército chegar na cidade.
Mas há um caminho digno e justo. Vá ao forte, se entregue e denuncie Rodrigo. Ele será condenado à forca, mas você pode ser poupado."
Winston praguejou novamente e voltou correndo para casa.
13
Enquanto Winston ainda recebia o bilhete, D. Dalton estava cruzando o portão de casa. Do lado de fora, ele conseguia enxergar a janela do quarto de seus pais. A luz estava apagada.
– Ainda bem que estão dormindo – pensou – Assim não vão ficar perguntando aonde eu estava.
– Bom dia, D. Dalton – uma voz interrompeu seus pensamentos.
Ele olhou para trás e viu os irmãos Barreto.
– Que diabos estão fazendo aqui?
– Apenas observando – resmungou Sérgio.
– Costuma sair muito à noite? – indagou Carlos.
Dalton fechou a cara.
– Eu já avisei que não devo nada a vocês!
– Por que você se irrita tanto com uma simples pergunta? – perguntou Fernando.
– Para o inferno! Eu não vou cair nesse argumento contrário que vocês estão tentando aplicar. Já lhes disse que vocês não são a lei em Austin.
Dalton estava fechando o portão quando Carlos colocou a ponta do pé e fez o portão emperrar.
– Por acaso soube do que aconteceu no saloon? – perguntou Carlos.
D. Dalton deu de ombros.
– Uma prostituta foi encontrada morta. O rosto foi, digamos, dilacerado. Sete facadas no abdômen e três tiros no peito. Um crime bárbaro para uma cidade tão pacífica.
Dalton não disse uma palavra.
– Mas sabe o mais curioso? – continuou Carlos – As pessoas dizem que os autores do crime eram três sujeitos com descrições semelhantes às nossas – Carlos riu – Um absurdo, não acha? Será que deixamos de ser caçadores de recompensas para nos tornar assassinos de meras prostitutas? O que acha, D. Dalton?
– Fiquem fora do meu caminho.
Dalton forçou o portão e Carlos retirou seu pé deixando por fim se fechar.
Carlos começou a gargalhar enquanto Dalton caminhava a passos largos para dentro de casa.
Nesse momento, um homem a cavalo se aproximou deles.
– Bom dia, cavalheiros – ele disse.
– O que você quer? – indagou Fernando.
– Estou aqui à serviço do meu chefe, D. Rodrigo. Ele gostaria de fazer uma proposta para vocês, caso queiram me acompanhar.
Carlos deu de ombros.
– Permitam-me ser mais enfático – continuou o homem – Ele deseja fazer uma proposta muito generosa por seus serviços.
Os irmãos Barreto se entreolharam.
14
– Sentem-se e bebam, cavalheiros – disse D. Rodrigo.
Os irmãos Barreto se sentaram e uma empregada trouxe vinho.
– Disseram que você queria nos fazer uma proposta generosa – disse Carlos.
D. Rodrigo esboçou um sorriso.
– Huumm... Direto ao assunto – ele disse – Então serei breve, afinal, também temo não dispor de muito tempo. Quero que matem o xerife Winston.
Fernando franziu o cenho.
– Parece um trabalho difícil para vocês?
– Parece suicídio – interveio Carlos – Assim que matarmos o xerife, seremos procurados em todo o estado e condenados à forca.
– Nobres cavalheiros, não será assassinato se ninguém encontrar o corpo – disse Rodrigo – Eu direi aonde devem enterrar o corpo.
– Por que não pede para seus homens fazerem isso?
– Meus homens estão ocupados em uma busca particular. Até mandar chamá-los e esperá-los chegar, o xerife já poderia ter escapado.
Carlos balançou a cabeça em entendimento.
– Então me digam, qual é o preço de vocês?
CONTINUA...
POR NAÔR WILLIANS