O vento soprou de leve, trazendo consigo o aroma da relva molhada e o farfalhar das folhas. Depois de tantos embates e revelações, o silêncio que se instaurou parecia quase sagrado — um raro momento de tranquilidade em meio ao caos que os perseguia.
Rebecca foi a primeira a romper o silêncio. Ela guardou sua arma em um coldre lateral e deu alguns passos à frente, observando com atenção os arredores, agora livres de qualquer resquício do Vigia ou de sua energia.
— Certo, pessoal — disse, com a voz mais firme. — Precisamos decidir nosso próximo passo. Foi um grande avanço ter destruído essa barreira e revelado o verdadeiro inimigo, mas ainda não sabemos quais eram as intenções do Elementar Primordial.
HZW, com a esfera de energia já dispersa, colocou as mãos nos bolsos e franziu a testa.
— Precisamos descobrir onde essa criatura foi parar. Se é mesmo um Elementar Primordial, ele provavelmente não foi obliterado por completo, apenas banido para algum outro lugar.
T-35 concordou.
— Ele vai tentar voltar. Nós o jogamos em um vórtice, mas ainda não sabemos ao certo qual o destino final desse portal. — Ele lançou um olhar para Prionailurus. — Alguma ideia, Pri?
O Gato Impossível arqueou as orelhas, pensativo.
— Quando abro essas fendas, geralmente as crio para lugares longínquos e isolados, onde a realidade é mais fluida. O Elementar Primordial pode até voltar, mas, se o fizer, levará tempo. — Ele meneou a cauda, pensativo. — Ainda assim, concordo com Rebecca: precisamos entender o propósito desse ataque.
Querub aproximou-se, com uma expressão determinada.
— Então, devemos procurar informações. — Ele olhou para Rebecca. — Sei que você conhece pessoas que lidam com arquivos antigos e histórias ancestrais. Talvez elas possam nos dar pistas sobre esse Elementar Primordial e o que o motiva.
Rebecca assentiu.
— Conheço, sim. Podemos seguir para o Arquivo do Círculo, na capital. Eles mantêm registros de diversas eras. — Ela respirou fundo, como se ponderasse as consequências. — Será arriscado; nossas identidades podem estar comprometidas, mas não temos muita escolha.
Diab deu um passo em direção ao círculo de colegas.
— Estamos em menor número e meio expostos, mas, com a ajuda de Prionailurus, talvez possamos chegar lá sem ser notados. — Ele trocou um olhar cúmplice com Querub. — Principalmente se combinarmos nossa luz e sombras para confundir qualquer perseguidor.
Prionailurus, ao ouvir seu nome, ergueu-se e se espreguiçou, felinamente.
— Posso criar atalhos, se necessário. Não tão grandes quanto os que usei contra o Vigia, mas o suficiente para passarmos despercebidos. — Ele lambeu uma das patas antes de completar: — Contudo, não consigo manter muitos portais ao mesmo tempo. Precisamos planejar bem.
Rebecca voltou a encarar o grupo. Agora, todos estavam em sua linha de visão.
— Então é isso. Vamos reunir suprimentos, descansar algumas horas e partir ao amanhecer. O Arquivo do Círculo será nosso próximo destino. Lá, esperamos encontrar respostas sobre o Elementar Primordial.
T-35 colocou a mão no ombro de Rebecca em sinal de apoio.
— Pode contar comigo. E com Pri. — Ele sorriu para o gato. — Essa aventura só está começando.
Querub e Diab também assentiram, cada qual guardando suas próprias reflexões. HZW, ainda pensativo, olhou para o horizonte, onde o sol começava a declinar.
— Que venha o próximo capítulo, então.
Prionailurus meneou a cauda, satisfeito.
— Prometo que farei o possível para que, desta vez, vocês não caiam em armadilhas tão facilmente.
Diante das últimas palavras do felino, todos se olharam, compartilhando um misto de apreensão e esperança. Sabiam que os desafios ainda estariam por vir, mas, juntos — e com a ajuda do Gato Impossível —, as chances de prevalecerem eram maiores do que nunca.
O vento soprou mais uma vez, como se abençoasse a nova jornada do grupo. O crepúsculo aproximava-se, pintando o céu com tons de laranja e rosa. Restava apenas aguardarem o amanhecer para seguirem rumo ao Arquivo do Círculo — e para uma nova página de suas histórias.
CONCLUI A SEGUIR...
Por Alcí Santos
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